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Monday, April 30, 2018

A sede do silêncio, antónio ramos rosa

A sede do silêncio é um fruto do silêncio. 
A sede da palavra nasce da palavra que nasce do silêncio. 
A necessidade do silêncio é uma necessidade da palavra 
que (não) se perde na palavra. 
Distância, deserto, de árvore em árvore, 
a eterna sede, a sede do eterno, 
da frugal transparência do efémero. 
Terra, toda a distância da terra em cada sílaba, em cada vocábulo sem água. 
A página é deserto e caminho errante, obstinado. 
O horizonte do deserto anula a miragem, 
nega o imaginário. 
A sede da página é sede da ausência 
e sede da palavra do horizonte. 
A ausência é a segunda dimensão do dia, 
o outro lábio da terra, 
a verdadeira voz do vocábulo.




antónio ramos rosa
vagabundagem na poesia de antónio ramos rosa
seguido de uma antologia
casimiro de brito
quasi
2001

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