A sede do silêncio é um fruto do silêncio.
A sede da palavra nasce da palavra que nasce do silêncio.
A necessidade do silêncio é uma necessidade da palavra
que (não) se perde na palavra.
Distância, deserto, de árvore em árvore,
a eterna sede, a sede do eterno,
da frugal transparência do efémero.
que (não) se perde na palavra.
Distância, deserto, de árvore em árvore,
a eterna sede, a sede do eterno,
da frugal transparência do efémero.
Terra, toda a distância da terra em cada sílaba, em cada vocábulo sem água.
A página é deserto e caminho errante, obstinado.
O horizonte do deserto anula a miragem,
nega o imaginário.
nega o imaginário.
A sede da página é sede da ausência
e sede da palavra do horizonte.
e sede da palavra do horizonte.
A ausência é a segunda dimensão do dia,
o outro lábio da terra,
o outro lábio da terra,
a verdadeira voz do vocábulo.
antónio ramos rosa
vagabundagem na poesia de antónio ramos rosa
seguido de uma antologia
casimiro de brito
quasi
2001
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