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Tuesday, July 12, 2016

José Tolentino Mendonça, A Estrada Branca

A Estrada Branca

Atravessei contigo a minuciosa tarde 
deste-me a tua mão, a vida parecia 
difícil de estabelecer acima do muro alto 

folhas tremiam 
ao invisível peso mais forte 

Podia morrer por uma só dessas coisas 
que trazemos sem que possam ser ditas: 
astros cruzam-se numa velocidade que apavora 
inamovíveis glaciares por fim se deslocam 
e na única forma que tem de acompanhar-te 
o meu coração bate 

José Tolentino Mendonça,Da verdade do amor

Da verdade do amor

Da verdade do amor se meditam 
relatos de viagens confissões 
e sempre excede a vida 
esse segredo que tanto desdém 
guarda de ser dito 

pouco importa em quantas derrotas 
te lançou 
as dores os naufrágios escondidos 
com eles aprendeste a navegação 
dos oceanos gelados 

não se deve explicar demasiado cedo 
atrás das coisas 
o seu brilho cresce 
sem rumor 

Isto é o meu corpo,José Tolentino Mendonça

Isto é o meu corpo



O corpo tem degraus, todos eles inclinados
tem milhares de lembranças do que lhe aconteceu
filiação, geometria
umdesabamentoquecomeça do avesso
e formas que ninguém ouve 
O corpo nunca é o mesmo
ainda quando se repete:
deondevemestebraçoquetoca no outro, 
deondevêmestaspernasentrelaçadas
como alcanço este pé que coloco adiante?
não aprendo com o corpo a levantar-me, 
aprendo a cair e a perguntar


i like this poem, it reminds me of modesty and simplicity,
of a physical me exploring life and death and earth.
to fall and to get up again, to ask and to keep on asking, 
to explore and to be.

i don't inhabit a body, i am a body, my presence 
is as physical and as non-physical as the presence of essence.
often we don't like to be reminded of our vulnerability and immanent death,
too much fear and taboo. the taboo and the cult, both, of sex and of body
are not only a symptom of domination and convention, they are deeply linked to
the fear of death, to experiencing our relatedness to animals 
which can be wounded and will die.

also in other ways i associate Moshé Feldenkrais and personal 
experiences in trance work with his method which took me
to early childhood movements and space.

URN ST. TAVERN - ADRIAN RASO & FANFARE CIOCARLIA (ALBUM DEVIL'S TALE)