Saturday, March 31, 2018
Manuel António Pina, Algumas Coisas
Algumas Coisas
A morte e a vida morrem
e sob a sua eternidade fica
só a memória do esquecimento de tudo;
também o silêncio de aquele que fala se calará.
Quem fala de estas
coisas e de falar de elas
foge para o puro esquecimento
fora da cabeça e de si.
O que existe falta
sob a eternidade;
saber é esquecer, e
esta é a sabedoria e o esquecimento.
Manuel António Pina, in "Aquele que Quer Morrer"
e sob a sua eternidade fica
só a memória do esquecimento de tudo;
também o silêncio de aquele que fala se calará.
Quem fala de estas
coisas e de falar de elas
foge para o puro esquecimento
fora da cabeça e de si.
O que existe falta
sob a eternidade;
saber é esquecer, e
esta é a sabedoria e o esquecimento.
Manuel António Pina, in "Aquele que Quer Morrer"
in the sea: a poetic migraine
in the sea
no way to evade
waves, the pull and push,
the force and rhythms
wave runs after wave.
when they come too fast
how not to struggle,
how to breathe in
wild water, near to
drowning, lost,
no time for thoughts,
they drop dead
like moths from a bulb
which burns all
but how sweet the
moments of stillness,
to float on life
how immense the
release of fight,
space expands
and what do i care
who wins,
me or the sea:
all this moves
through now and ends
which are gates
where all power
is nothing at all
the sea and me,
we are one, one
with sky and wind.
swimming naked
we find us here,
we find only now,
and memories are
whispers, they give no
way, no direction:
we must let go, all.
all despair, all worries,
tears, joy and pain,
knot and traps
they come inside
like waves
and in this sea
there is no choice
but to swim
or to drown, to sink,
a soul, a spirit,
without mind,
still in incarnation,
without hope,
keeping trust
in life and in death
and in the sea
until the last breath
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