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Tuesday, February 6, 2018

O espelho, Manuel Bandeira

O espelho

Ardo em Desejo na tarde que arde! 
Oh, como é belo dentro de mim 
Teu corpo de ouro no fim da tarde: 
Teu corpo que arde dentro de mim 
Que ardo contigo no fim da tarde! 

Num espelho sobrenatural, 
No infinito (e esse espelho é o infinito?...) 
Vejo-te nua, como num rito, 
À luz também sobrenatural, 
Dentro de mim, nua no infinito! 

De novo em posse da virgindade, 
- virgem, mas sabendo toda a vida - 
No ambiente da minha soledade, 
De pé, toda nua, na virgindade 
Da revelação primeira da vida

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